quinta-feira, 26 de março de 2015

PARA ONDE ESTAMOS INDO MESMO

10/12/2012 23h41 - ATUALIZADA EM: 28/01/2013 18h50 - POR ARIANE ABDALLAH

VICKY BLOCH

PARA ONDE ESTAMOS INDO, MESMO?

Vicky Bloch (Foto: Regis Filho)
Imagine um avião lotado, comandado por um piloto que não lembra mais o destino de pouso nem fala o idioma da tripulação. É esse cenário que a consultora Vicky Bloch diz encontrar em várias empresas. Há mais de 35 anos ela ajuda altos executivos a refletir sobre as motivações no trabalho, ajudando-os a melhorar a performance por meio do autoconhecimento. O problema atual é que a falta de propósito se alastrou feito uma epidemia em todos os níveis de uma organização. 
Hoje em dia se fala muito em escassez de talentos no Brasil. O que falta para os líderes locais? O que falta é um sentido no trabalho. As pessoas estão infelizes. A gente perdeu a relação com a missão, com a causa do que estamos fazendo. Nos primórdios das cavernas, trabalhar significava resolver as necessidades da sociedade. Um cuidava de matar, outro de cozinhar, e a satisfação me parece que tinha a ver com você ter um papel nesse processo. Mesmo na industrialização, quando tinha um capataz que dizia o que você devia fazer, o trabalho resultava em um produto, como um carro, que é um meio de locomoção. Acho que as pessoas se viam realizadas. Hoje, principalmente quando se fala de liderança, não tem mais uma causa. Perdeu-se essa relação de troca com a sociedade. Não é o talento que está escasso. As pessoas não emburreceram. O que elas não têm mais é um vínculo que faz com que entreguem um trabalho diferenciado.
Qual a origem dessa infelicidade e falta de sentido? Do ponto de vista macro, é o sistema, que exige que você entregue resultados a qualquer custo. Esse qualquer custo acaba se refletindo nas relações com a equipe. Você não vai mais para o trabalho com prazer, para resolver uma equação que tem a ver com a melhoria da sociedade. A relação com seus subordinados é permeada por esse jeito de não gostar do trabalho que faço.
Reprodução (Foto: Reprodução)
Então o problema de relacionamento com a equipe é a principal consequência dessa falta de vínculo com o trabalho? Acho que sim. Muitos gestores são encaminhados para treinamento por causa disso. Muitas vezes a pessoa ainda não sabe orientar, só comandar. Eu pergunto: ‘Você gosta do que faz? Está fazendo isso por quê?’. A dificuldade em responder é enorme. ‘Faço isso porque sou gerente.’ ‘Não, não é isso que estou perguntando. Quero saber se trabalho para você é uma coisa bacana?’ Tento ver se ele tem clareza de causa e missão. E poucos têm isso. Hoje, as empresas promovem pessoas de 30 anos para cargos de diretoria sem avaliar se estão preparadas. Não se pode promover apenas por uma questão técnica. É preciso avaliar a maturidade pessoal.
O que os gestores deveriam fazer diferente? Quando você fica responsável por outras pessoas, é uma opção de cidadania, não de trabalho. Está falando para o funcionário de sua equipe que vai cuidar dele. Para isso, deve aprender a falar e a ouvir. Mas com 30 anos, muitas vezes, o cara não sabe conversar abertamente nem com a mulher dele, como vai fazer diferente no ambiente profissional? Ouvir não significa apenas escutar o que a pessoa está falando. Mas prestar atenção em sua expressão física, o olhar... A relação com os subordinados é a zona de liberdade do gestor. A empresa não diz como você tem de fazer. É ali que o líder pode fazer a diferença – para o bem, ajudando a crescer, ou para o mal, bloqueando o crescimento.
Se o significado do trabalho não está claro, o que motiva os profissionais hoje? O pensamento de que têm de fazer, ou têm de ser pessoas bem-sucedidas. Aí o funcionário vai subindo na organização e o que leva para casa é a grana e o status. Mas não leva o prazer, o orgulho de ser um médico, um professor ou um gestor.
O propósito não pode ser simplesmente ganhar dinheiro? Sim, é legítimo. A medida é: está feliz? É o que importa. 
Reprodução (Foto: Reprodução)

 

terça-feira, 24 de março de 2015

O Olhar do Educador

COMPETENCIAS E HABILIDADES

C.H.A. OU C.H.A.M.A. ? - Competência basta?

C.H.A. OU C.H.A.M.A. ? - Competência basta?

QUAL A SUA MOTIVAÇÃO POR TRÁS DOS OBJETIVOS

Qual a sua motivação por detrás dos objetivos?

by alexpossato
Credencial do Peregrino do Caminho de Santiago de Compostela. Preparando-me...
Credencial do Peregrino do Caminho de Santiago de Compostela. Preparando-me...
Como terapeuta, acostumei-me a olhar as pessoas em suas buscas e me perguntar: para que ele faz isso? O que leva esta pessoa a desejar tal coisa?
É fato que alguém, sem objetivo, está entregue às energias e influências aleatórias e alienantes do mundo. Mais que isso: esta pessoa está sendo conduzida em geral pelos pesos sistêmicos da própria família, além de ter que pagar as próprias dívidas pessoais criadas através de tantas e tantas relações mal resolvidas, tantas mágoas causadas e tantos prejuízos deixado para trás. As dívidas serão cobradas, não há dúvida, e isso resultará numa vida frustrante.
Por isso, ter objetivos, ter metas, é o primeiro passo para direcionar alguém para fora do círculo vicioso do sofrimento. E se você tem uma meta, um objetivo, se pergunte: o que me leva a querer determinada coisa? Porque até os objetivos e metas podem estar poluídos pela sombra inconsciente e pelos pesos sistêmicos da família, e os resultados obtidos não serão satisfatórios.
Vou dar um exemplo: você deseja um emprego onde ganhe muito bem. Mas a motivação por detrás desta meta é o medo de passar dificuldades. Então, o que guia você é o medo... e como a lei universal é infalível, mesmo que você alcance um bom emprego, irá passar por situações que lhe causarão dificuldades financeiras e provocará o seu medo, que você deseja tanto fugir. Lembre-se de uma coisa: não dá para fugir daquilo que você quer fugir, inconscientemente. A solução? Encare. Olhe de frente. Entre num acordo. É a única forma de desarmar estas energias emocionais, que farão de tudo para serem vistas.
Voltando ao sonho... Seja qual for o sonho que você tenha, pergunte-se: o que me conduz? Para que eu desejo isso? Tem verdadeiramente sentido em minha vida? Seja o seu sonho um bem de consumo, um novo relacionamento, uma atividade nova, até mesmo algo que tradicionalmente dizemos que é para o bem comum: um serviço voluntário, um caminho espiritual... Tenho visto pessoas desenvolverem trabalhos filantrópicos, e claramente a motivação é “serem reconhecidas”... Trabalhos lindos, mas que estão contaminados pela sensação de não-pertencimento, não-reconhecimento... E volta e meia estas pessoas se sentem desvalorizadas... A tal da lei universal que falei acima...
Tenha um objetivo, sim! Queira! Isso é fundamental para que você comece a sair da mente emocionalmente infantil, que espera que alguém de fora lhe dê aquilo que você nem sabe o que é... E será natural que este objetivo esteja poluído com medos inconscientes. Assim é o ser humano. Apesar disso, querer é um treinamento para a mente. Através dos objetivos, iremos nos desafiar, treinar nossa capacidade de resiliência, perseverança, tecer estratégias, criar relações e conexões.
Quando você estiver suficientemente treinado, através de algumas vitórias e inúmeros fracassos, porque assim será, verá que, mesmo alcançando determinadas metas que lhe são fundamentais – uma boa grana na aplicação, bens materiais, relacionamentos saudáveis, desenvolvimento emocional e espiritual, entre outras coisas, ainda não se sentirá totalmente realizado.
No oriente, dizemos que o desejo é a raiz do sofrimento. A mente, por estar sempre querendo algo “a mais”, deixa de viver o momento presente. Num outro ângulo, igualmente doloroso, a mente focada em algum sofrimento passado, está sempre fugindo dos próprios medos, dores e traumas, e também deixa de viver o momento presente. É no momento presente que se encontra a única possibilidade de sentir-se realizado.
Pera lá! Você está me dizendo para querer, e depois diz que o desejo é a raiz do sofrimento! Então, não há escapatória, não é mesmo? O ser humano nasceu para sofrer...
Pois é... não é assim. A mente humana se limita demais... Ela é dualista. Pensa: ou é de um jeito, ou é de outro. Mas eu afirmo: é de um jeito e de outro. As coisas, no mundo, não são um exercício de duas opções: ou é isso ou aquilo. Acostume-se a pensar assim: algo é bom e é ruim. Alguém ama odeia ao mesmo tempo. Os problemas sãosoluções. A fraqueza é a força. Pobreza é riqueza. Doença é saúde. Desejo, planejo e realizo e estou no momento presente. Tenho bens materiais e estou desapegado daquilo que tenho. Levo a vida seriamente e me divirto.
Uma mente forte, tarimbada pelos desafios da vida e acostumada a conquistar e ser derrotada, saberá manter-se firme neste estado. E enquanto a sua mente não for forte o suficiente, ficará extremamente frustrada a cada queda, cada tropeço, mas é isso aí. Buscará freneticamente algo que acredita ser o bem e rejeitará violentamente o que crê ser mal. Estará aprendendo, na academia da vida, a musculação emocional necessária para entregar-se a algo “além da mente”. Quando você estiver chegando neste estágio, perceberá algo mais profundo ainda: a intuição, que lhe aponta a direção do seu foco. Você perceberá que existe um caminho nítido de realização sem esforço, onde naturalmente os sonhos se concretizam. Não é necessário forçar com a mente os objetivos. A vida já lhe coloca algumas metas – você perceberá isso através da intuição, e sua mente acompanhará os objetivos. Ou pelo menos será convidada a acompanhar, a se entregar. E você conseguirá acompanhar se estiver emocionalmente desapegado das cobranças que possui em relação ao seu pai e à sua mãe, passado e raízes familiares. Somente um ser em paz com o passado pode ser obediente, leal com Deus e seguidor do próprio coração. Mas lembre-se: se não conseguir ainda ser leal, porque você é rebelde, revoltado, tudo bem! Trabalhe-se mais um pouco emocionalmente, e a libertação virá.
Pronto! Alcançou o estágio de seguir seu coração. Será neste estágio onde, aqui e agora, você começará a sentir realização pessoal. Descobrirá o seu próprio sentido de vida. Viverá em humildade suficiente para seguir os desígnios do universo. Estará pronto para receber as bênçãos que lhe chegarão em forma de reconhecimento, valorização financeira, poder de atração, cura e influência... e isso em nada lhe importará. Pois você terá ultrapassado a necessidade de reconhecimento... embora saberá aceitar, de bom grado, tudo o que o universo lhe mandar. Aqui e agora, a felicidade se estabelecerá. Neste momento, tudo o que você faz, deseja, realiza, é a serviço de Deus. Dos seus irmãos. De si mesmo. O que é a mesma coisa, afinal.
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