domingo, 19 de outubro de 2014

instruções antes da negociação e roteiro de planejamento

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Instruções antes da negociação e roteiro de planejamento

Este intercapítulo apresenta um roteiro para seu planejamento e sua estratégia e acrescenta alguns conhecimentos novos. Serão mencionados alguns conceitos e técnicas que você conhecerá mais adiante, com relação ao jogo da negociação, sua condução e encerramento.
Roteiro de planejamento
A – Organização das informações
1 – Que informações devo reunir sobre meu oponente (cliente) e sua empresa? Como obtê-las?
2 – Quais são as necessidades de meu cliente que poderei satisfazer? E as minhas necessidades?
3 – Que produtos ou serviços espero oferecer como soluções?
4 – Quais são minha primeira proposta, preços e condições (minimax)?
5 – Que perguntas farei para identificar as necessidades do oponente e apresentar a melhor solução para elas?
6 – De que maneira pretendo conduzir a apresentação (que ambiente e atmosfera vou preparar)?
7 – Quais os benefícios de minha solução ao oponente enquanto pessoa e empresa?
8 – Que materiais apresentar para reforçar meus argumentos (prospectos, catálogos, audiovisuais, vídeos, tabelas de preço)?
9 – Que testemunhos fornecerei para atestar a validade de minha solução?
10 – Que tipo de resistência devo esperar do oponente? Que fazer para superá-la?
11 – Que concessões, relacionadas ou não a preço, posso fazer e quais pedirei em troca?
12 – Que tópicos serão discutidos (agenda)?
13 – Que táticas pretendo utilizar e em que fase da negociação?
14 – Que táticas devo esperar do oponente e como neutralizá-las?
Observações
Testemunhos – São pessoas ou empresas que já negociaram temas semelhantes com você anteriormente e poderão ser apontadas como referências positivas ao oponente para aumentar seu cacife. Exemplos: se você é um vendedor, apresente como referências clientes que possam dar bons testemunhos de seu produto ou serviço.
Agenda, concessões e táticas serão objeto de atenção em capítulos posteriores.
B- Metas e objetivos
1 – Quais são meus objetivos tangíveis e intangíveis e quais são os mais importantes (dos dois tipos)?
2 – Quais são, de acordo com as informações de que disponho, as preocupações tangíveis do oponente e em que ordem de importância?
3 – Qual seria a melhor transação que eu poderia esperar da negociação? E a pior?
4 – O que seria um transação justa e razoável (ganha-ganha)?
5 – Quais aspectos são relacionados entre si e, portanto, mais fáceis de agrupar?
C- Análise do oponente
1 – Quais as principais características de meu oponente e sua empresa?
2 – Qual seu estilo de comportamento – sociável, afável, diretivo ou metódico- e qual sua reputação no mercado?
3 – O que devo conhecer ou aprender sobre ele (pessoa e empresa) para tornar a negociação bem-sucedida?
D- Mercado e vantagens competitivas
1 – Quais são os pontos fortes de minha argumentação e minha solução (produto ou serviço)? Quais as vantagens a meu favor?
2 – Quais os pontos fortes de meu oponente? Quais as vantagens a seu favor?
3 – Qual o ponto mais fraco de minha posição? E o ponto mais fraco do oponente?
4 – Que especificações do produto ou serviço negociado devo conhecer quanto a produção e operação, manutenção e assistência técnica, embalagem e armazenamento etc.?
5 – Que especificações do produto ou serviço negociado devo conhecer quanto ao mercado em geral?
6 – Como a negociação se encaixa em seus planos de marketing e produção?
7 – Quais são os objetivos e metas primordiais do oponente? E seus objetivos secundários?
8 – De que outras alternativas ele dispõe que concorram comigo?
9 – Como posso me comparar com a concorrência, em termos de soluções, riscos e alternativas?
E- A negociação interna
Como já dissemos antes, negociar internamente – isto é, dentro de sua empresa (ou sua família, se for uma negociação pessoal) e de sua equipe de negociação – pode ser tão difícil quanto negociar com o cliente… e às vezes até mais.
1 – Que pessoas ou áreas devo contatar internamente antes de me pôr a campo para a negociação externa?
2 – Que assuntos devem ser previamente negociados?
3 – Quais são meus objetivos e preocupações internos?
4 – Quais são os objetivos e preocupações das pessoas ou áreas da empresa ou dos membros de minha equipe?
5 – Que concessões de minha parte poderiam criar problemas internos em minha empresa? Em que áreas e em que grau?
Observação final
Faça deste roteiro um acompanhante permanente de suas negociações. Tire cópias xerox, afixe uma delas na parede de seu escritório, em versão reduzida. Leve outra em sua pasta de trabalho, para consultas exaustivas ou apenas eventuais. À medida que for se tornando um grande planejador e estrategista, você passará a incorporá-lo como uma segunda natureza.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Como a autossabotagem mata a motivação

Como a autossabotagem mata a motivação

Autossabotagem
A motivação é literalmente a vontade de fazer as coisas, a ausência de motivação é justamente o contrário, a falta de ânimo para se dar o trabalho de agir.
A autossabotagem é um movimento contraintuitivo de puxar o próprio tapete, barrando o progresso mesmo contra o desejo pessoal.
Quando uma encontra a outra, o resultado nunca é bom. A autossabotagem é um mecanismo difícil de ser detectado pois contraria o bom senso e até mesmo as expectativas pessoais. Essa sabotagem dos esforços e conquistas ocorre por diversos motivos:
– O mais comum é síndrome do impostor, a sensação que a pessoa tem de que ela não é realmente capaz de ter o sucesso ou posição que está conquistando. Ela sente como se a qualquer momento pudesse ser desmascarada e os outros fossem descobrir que ela não passa de uma “farsa” e não tem realmente condições de ter o desempenho que esperam dela.
– Outro motivo que frequentemente conduz à autossabotagem é a baixa autoestima. Também podendo estar associada à síndrome do impostor, a desvalorização pessoal leva a pessoa a boicotar seus próprios esforços quando as coisas parecem estar indo bem demais “para ser verdade”.
– O que nos leva a um terceiro motivo, às vezes intrincado com os dois anteriores, que é a síndrome da profecia autorrealizável. A maioria das pessoas prefere estar certa do que ser feliz, por incrível que pareça. Essa necessidade de estar certo sobre o próprio destino leva muitas pessoas a travarem o progresso pessoal pois o sucesso não faz parte de sua história, ou seja, da crença que ela tem do que “é a sua vida”.
Sonhar com a uma vida bem sucedida todo mundo sonha, o que quer que isso signifique para cada um. Para alguns, sucesso é conquistar o topo da carreira profissional sendo diretor da empresa em que trabalha, outros sonham com o negócio próprio, para outros, o sonho é ter uma família com dois filhos, 3 gatos e morar em uma casa em bairro de classe média. Cada um imagina um mundo perfeito em sua cabeça e deseja com toda sinceridade que um dia esses sonhos se tornem realidade.
Acontece que no decorrer da vida cotidiana, enquanto esses sonhos não se realizam, vamos construindo uma identidade, o que envolve a história que contamos a nós mesmos e aos outros sobre quem somos. Dependendo do perfil dessas histórias, acabamos cavando nossa própria cova, reduzindo cada vez mais as chances de que nossos sonhos realmente venham a ver a luz do dia.
Isso porque essas histórias revelam a nossa realidade, ou aquilo que acreditamos ser a nossa realidade. Quando a vida se desenrola e começa a nos mostrar uma eventual mudança nesses padrões a que estamos acostumados, a tendência natural é frear. Ao ameaçar sair do caminho já conhecido, da história que conhecemos sobre nós mesmos, nós nos deparamos com o desconhecido e aí entra uma série de questões:
– Temos coragem para cruzar a linha do conhecido e enfrentar uma vida que talvez dê certo, mas é totalmente diferente do que estamos acostumados?
– Temos autoestima suficiente para acreditar que temos cacife para abarcar mais responsabilidades ou adaptação a um mundo novo?
– Somos modestos para admitir que não sabemos o que vai acontecer e desapegados o suficiente para largarmos de uma corda para pegar a outra?
Essas questões evidenciam porque a autossabotagem ocorre. Sucesso envolve mudança, envolve sair de onde você está e atingir um novo patamar. Contudo, esse novo patamar é desconhecido e pode ser incerto.
A autossabotagem toma conta quando o medo do novo supera a motivação e a vontade de mudar ou de crescer. Nesse ponto, começamos a fazer pequenas coisas, tomar pequenas e quase imperceptíveis atitudes que vão, pouco a pouco, minando nossos esforços. Às vezes, essas atitudes são tão simples quanto chegar atrasado, não retornar uma ligação ou fazer um trabalho de má vontade. O conjunto delas é que no final das contas é o tapete puxado e o tombo final. Quando ele ocorre, entramos no círculo vicioso das profecias autorrealizáveis: tá vendo, isso SEMPRE acontece comigo; ou tá vendo, as coisas NUNCA dão certo pra mim.
Lembra de quando falamos sobre preferirmos estar certos do que sermos felizes? Então! É exatamente nesse ponto que o medo finalmente vence, quando forçamos a história que já conhecemos sobre nós mesmos (isso sempre acontece comigo) em cima da realidade que está se desenrolando e nos final das contas, fazemos com que aquilo aconteça de novo, só para estarmos certos sobre nós mesmos!
É claro que na maioria das vezes não estamos conscientes deste processo e nos sentimos infelizes quando nos damos conta de que as coisas que desejamos não acontecem. Em algumas situações, agimos como se tivéssemos amnésia, o desejo brota novamente, nós nos motivamos, começamos a nos movimentar em direção ao que queremos e quando as coisas começam finalmente a acontecer, gelamos, ficamos com medo e começamos pouco a pouco a nos sabotar, perdendo a vontade e a motivação de fazer o que tem que ser feito para dar continuidade aos nossos projetos. No final das contas vivemos um constante ciclo de sonho e fracasso, com alguns sucessos esporádicos talvez, mas nada que possa ser descrito como o mundo perfeito que idealizamos.
É claro que certas expectativas jamais se realizariam – tem gente que sonha alto demais! Entretanto, estar lúcido para este mecanismo de autossabotagem pode nos economizar muita frustração se conseguirmos nos pegar tendo esse tipo de atitude e conscientemente fazer um esforço, superar o medo, a insegurança e forçar o crescimento, doa o que doer, custe o que custar.
Ao enfrentar o medo, alguns sonhos podem acabar realmente se demonstrando infrutíferos ou mesmo algo que não queríamos realmente, mas muita coisa boa vai acontecer também. Existem algumas técnicas para se pegar na autossabotagem, assim como para superá-la.
Uma delas é manter a lucidez quanto às desculpas que você dá para não fazer algo que seria produtivo para suas metas ou para justificar seus fracassos. Não existem justificativas, toda tentativa de justificar um erro, uma omissão, um fracasso é uma tentativa de autossabotagem. Se você se permite fazer isso, você estará se dando autorização para puxar o próprio tapete e aí não existe técnica ou “segredo” que o salve de si mesmo.
Outra é se condicionar a enfrentar o medo do novo e do desconhecido, se forçando mesmo contra a própria a vontade a aceitar certos desafios. Se permita sentir medo, frio na barriga, passar ridículo, fazer algo que você não sabe como faz, cometer erros, simplesmente se permita. É assim que a linha entre o desconhecido e o medo vai ficando cada vez mais fraca.
Uma nota importantíssima sobre esse assunto é evitar tomar decisões que favoreçam o que você já está acostumado, só porque você já está acostumado com o velho. Também não aceite dar desculpas que justifiquem porque você acha que o velho é melhor que o novo. Na maioria das vezes essas justificativas não passam de manifestações do seu medo de se deparar com algo que nunca viu antes, por mais simples que seja.
Eu bato muito nessa tecla, por exemplo, com pessoas que rejeitam livros digitais. Ah, eu gosto de pegar no livro, eu gosto do cheiro, etc… E eu pergunto, você por acaso quer a informação que está no livro ou quer um objeto de papel para cheirar e colocar na prateleira?
Tudo vai do pequeno para o grande, a pessoa que não é capaz de enfrentar a rejeição contra o novo em um caso tão banal quanto um livro digital é o tipo de pessoa que também não vai conseguir cruzar a linha em uma situação muito maior que envolve sua vida ou sua carreira.
Não existem proporções para o medo do desconhecido, a pessoa que toma atitudes simples e bobas rejeitando coisas novas no cotidiano jamais vai dar um salto em direção ao sucesso em sua vida. Na hora H, ela sempre vai preferir o que já tem por pior que seja, se autossabotando, puxando o próprio tapete e mantendo sua velha vidinha de sempre (e depois reclamando que nada acontece, que tudo dá errado…)