relacionamento
Semanas atrás escrevi aqui sobre a importância do diálogo num relacionamento. Afinal, muita gente sofre por anos e não diz pro outro o que o incomoda. Às vezes, é algo muito simples. Com o tempo, porém, vira um problemão. Torna-se um monstro que passa a aterrorizar dia e noite.
Algumas situações, no entanto, precisam ser confrontadas. Não é apenas um diálogo. É um enfrentamento de um problema que deve ser resolvido. E nem sempre, negociado. É preciso eliminar, pôr um fim. Do contrário, vai colocar a convivência em risco.
Isto pode acontecer dentro do casamento, no namoro… e no dia a dia, com amigos, colegas de trabalho, chefes, professores etc.
Entretanto, o confronto é desconfortável. E isto acontece por uma razão: temos medo, medo das reações. E, como diz um pensador, quando temos medo de dizer a verdade a alguém, evitamos essa pessoa. Nos afastamos dela.
E o pior… Quanto mais demora o confronto, a situação torna-se cada vez mais insustentável. E as características da pessoa que nos assustam, que nos fazem evitar o confronto, acentuam-se. É como se o outro se tornasse mais poderoso, mais assustador, mais perigoso. O outro cresce diante de nós. E a distância também.
É normal evitarmos o confronto. Dizer algo difícil pra uma pessoa significa correr riscos. Risco, inclusive, de perdê-la. Ou de ser rejeitado. Tratar de assuntos difíceis é desconfortável, machuca. E não gostamos do sofrimento.
Um psicólogo americano certa vez disse:
Não queremos confrontar porque nos tornamos vulneráveis, sensíveis e podemos nos machucar. Procuramos nos proteger das situações difíceis. A pessoa dentro de nós quer ser proteger.
É verdade, queremos permanecer em nossa zona de conforto. Confrontar é expor-se. É deixar nosso “lugar seguro”. Entretanto, ao evitarmos enfrentar o problema, estamos perdendo duas vezes: nossa paz interior e a chance de estabelecermos uma condição mais favorável no relacionamento.
Sabe, boas confrontações nos ajudam a ver no outro a pessoa que realmente é. Se formos rejeitados, se não formos ouvidos, confirmaremos coisas, descartaremos outras e, embora possa ser dolorido, talvez seja melhor perdê-la. Ou, noutras ocasiões, perder um amigo, quem sabe… o emprego.
O que não podemos é passar dias, semanas, meses, anos… sofrendo por uma situação que, talvez, seja passível de solução. Às vezes, dá pra resolver. Só não é resolvido, porque estamos com medo. Temos que entender que o outro também é um ser humano. É como nós. Também tem sentimentos. Também tem seus medos.Então, por que não tentar?
Na verdade, a gente só descobre as coisas quando a gente tenta descobrir. Não adianta ficar atrás de uma porta fechada imaginando o que tem do outro lado. O que está trancado pode realmente ser assustador. Mas também pode haver um tesouro. É preciso arriscar. Abrir e descobrir.
Quem deixa de confrontar seus problemas aceita viver relacionamentos medíocres.