segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Meu nome é TRABALHO. Sobrenome: MAIS TRABALHO


Meu nome é TRABALHO. Sobrenome: MAIS TRABALHO

Um mundo em constante transformação e a uma velocidade incrível e desmedida.
Um mundo onde o moderno de hoje é a obsolescência de amanhã.
Um mundo onde o conhecimento de hoje será uma aula de história depois de amanhã.
Um mundo onde as empresas, para gastar menos, diminuem equipes, cancelam bônus e diminuem prazos para entrega de resultados.
Se você, assim como eu, faz parte deste mundo, certamente já notou que os empregos são menos estáveis e que você precisa trabalhar mais. Mais horas e mais intensamente, independentemente de como você faz isto.
A verdade é que para manter uma renda mensal, em uma época em que os salários se tornam menos previsíveis, a ordem é “SE VIRAR”. E, para “se virar”, estamos dedicando uma grande parte de nosso tempo – e de nossa vida – a algo chamado TRABALHO que, dependendo de como é percebido pode se tornar algo muito ruim.
Temos que trabalhar HOJE para pagar as contas de AMANHÃ. Isto significa que devemos estar atentos, muito atentos, às oportunidades. Sem esquecer que as oportunidades de hoje poderão não mais existir amanhã.
Ainda mais, temos que manter a velocidade da competição. Neste mundo que se transforma e se instabiliza em intervalos de tempo cada vez menores, temos que trabalhar mais, de forma mais competitiva e com um grau de inovação nunca antes observado.
Todd Wagner, ao se referir à velocidade da inovação, afirmava que: “Não se trata de horas de trabalho. Trata-se de horas despertas”, ou seja, temos que trabalhar depressa para desenvolver algo que seja inédito e que atraia consumidores pelo fato de existir milhares de concorrentes potenciais que também fazem parte desta corrida maluca.
Você, caro leitor ou leitora, já se deu conta que, direta ou indiretamente, estes três fatores (manutenção da renda, diagnosticar oportunidades e competição acirrada) já estão fazendo com que você trabalhe mais?
Em suma: temos que trabalhar o dobro, produzir o triplo e na metade do tempo.
Meu trabalho, minha vida?
Parafraseando a campanha “Minha casa, minha vida”, o fato de se trabalhar muitas horas por dia tem suas consequências, às vezes, muito graves. Resta saber se você está disposto (a) a pagar este preço.
Vamos lá. Siga-me.
A pesquisa ISMA-Brasil mostrou que, no nosso país, o excesso de trabalho foi o principal fator de estresse, sendo suas causas (em porcentagem e respostas múltiplas):
a – sobrecarga de trabalho – 62%
b – medo da demissão – 56%
c – muita responsabilidade e pouca autonomia – 41%
d – conflitos interpessoais – 36%
e – falta de reconhecimento – 33%
O estudo do banco UBS, realizado em 75 metrópoles, revelo onde o estresse está em alta:
a – a cidade do México é a que oferece menos dias de férias por ano (apenas 6);
b – a cidade do Cairo é onde os executivos mais trabalham (2372 horas por ano, em média). Em São Paulo trabalha-se 1802 horas/ano enquanto a média mundial é de 2502 horas/ano.
c – Pequim, a capital chinesa, oferece apenas 9 dias de férias por ano enquanto o número de horas trabalhadas é de 2052.
E, como já estamos cansados de saber, o estresse acaba gerando alterações nas esferas física, profissional, emocional, financeira e na de relacionamentos (amigos, família).
Apenas para citar um exemplo, o Dr. Gilberto Ururahy realizou, nos últimos vinte anos, mais de 50000 check ups em executivos. Resultados: 70% estressados, 50% obesos (com potencial para desenvolver doenças cardíacas e diabetes): e, 8% deprimidos.
Querendo saber os porquês destes números, selecionou as seguintes frases relatadas por seus pacientes:
“Trabalho 60 horas por semana”.
“Estou 24 horas plugado no meu smartphone”.
“Eu preciso conquistar mais”.
“Não basta ser competente, preciso ser eficaz e inovador”.
“Vivo em fadiga permanente”.
E o Dr, Gilberto completa: “A forma como se trabalha hoje promove um estilo de vida doente”.
O “vício”
O fato de se dedicar muitas horas ao trabalho pode desenvolver, na pessoa, uma compulsão pelo trabalho, a ponto de se tornar um vício ou uma obsessão. E o vício surge quando a pessoa perde o controle, à semelhança do álcool, maconha, cocaína, etc.
Este vício recebe o nome de workaholic, viciado em trabalho, e define pessoas que não conseguem encontrar um ponto de equilíbrio entre seu trabalho e as outras esferas de sua vida.
E, por mais engraçado e paradoxal que seja, em alguns setores esta atitude é bem vista por colegas e gestores. Onde já se viu deixar o local de trabalho antes das 20 horas ou antes da saída do chefe?
Infelizmente o workaholic se “casa” com o trabalho “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença” e se entrega de corpo e alma aos projetos da empresa e se esquece dos outros aspectos da sua vida como o lazer a família e os amigos.
Muitas são as causas que podem levar a pessoa a se viciar em trabalho:
  • ganhar mais;
  • medo do desemprego;
  • pressão por resultados;
  • cultura da empresa onde só é bem visto quem sai depois do chefe;
  • busca de poder e status;
  • realização profissional;
  • pressionar-se para ter sucesso (autopressão)
  • redução de sentimentos como culpa, ansiedade ou depressão;
  • fuga de problemas pessoais (filhos, crises amorosas)
  • ser mais reconhecido (sentir-se mais útil, mais gratificado, mais prestigiado)
  • uso contínuo e abusivo da “tecnologia do mal” (internet móvel, representada pelas redes sociais, e-mail e celular), que transfere o tempo pessoal para tempo de trabalho, visto que a pessoa fica sempre acessível em qualquer hora e em qualquer lugar. Para Valério Macucci, “a tecnologia da informação virou tecnologia da localização”.
  • achar-se solitário e que sua vida é um tédio.
Ser workaholic é…
… ser inseguro com relação à perda do emprego;
… encarar o trabalho como um carma, um fardo a carregar;
… não ter tempo para pensar nas consequências de trabalhar muitas horas por dia;
… ficar “fora do ar”, desnorteado, quando está sem trabalhar;
… não ter vida pessoal e nem compromissos sociais. Aliás, marcar e desmarcar compromissos é uma de suas características;
… não cuidar da sua saúde e fazer do local de trabalho o refúgio de suas fugas para não enfrentar seus problemas pessoais e/ou sentimentais;
… ficar extremamente excitado e eufórico quando recebe tarefas impossíveis de serem realizadas;
… nunca se desligar do trabalho, mesmo nos momentos de folga e lazer (se é que os tem);
… nunca tirar férias com medo de ser substituído.
Bryan Robinson, em seu livro Chained to the desk, cita alguns comportamentos de quem é ou pode se tornar um workaholic (trancrito da revista Você S.A);
  • ultradetalhista
É a pessoa que quer ou faz tudo perfeitinho, nos mínimos detalhes, ou não faz nada. Quando começa uma tarefa, leva-a até o limite da exaustão.
  • degustador
Fica curtindo um serviço até não poder mais, como um alcoólatra faz com a bebida. Os americanos chamam este tipo de “saboreador”. No fundo, a pessoa é insegura e teme nunca ter feito o trabalho suficientemente bem.
  • incansável
Quer tudo para ontem e precisa de prazos apertados para se motivar. Assume muitas responsabilidades e não sabe estabelecer prioridades. Acaba cometendo erros por distração.
  • herói
É o maluco que deixa uma crise se estabelecer no escritório porque assim ele tem a oportunidade de dar uma de herói. Normalmente é controlador e trabalha mal em equipe.
  • hiperativo
Vive atolado de trabalho. É aquele que se sente na obrigação de aparecer com um novo projeto matador toda semana, mas nunca conclui nada.
Efeitos do “vício”
Embora no início, a pessoa possa se sentir bem, com o passar do tempo sua saúde geral entra em declínio.
Por não desenvolver hábitos saudáveis, como alimentação, boas noites de sono e prática de alguma atividade física, seu organismo fica mais fraco e mais susceptível ao desenvolvimento de doenças as mais variadas, sejam elas físicas ou mentais.
Para mais, um profissional cansado e estressado, acaba sempre chegando atrasado ao trabalho, o que diminui seu rendimento e sua produtividade. Só para se ter uma ideia, um estudo realizado pela Escola de Medicina da Universidade Nihon (Japão), com mais de 3000 profissionais de uma indústria química, mostrou que a baixa produtividade de funcionários cada vez mais cansados, custou à corporação cerca de trinta bilhões de dólares.
Todo este quadro faz, além de aumentar os índices de presenteísmo e absenteísmo, aumentar também a insatisfação com sua atividade devido às cobranças às quais é submetido e prejudicando, a longo prazo, não só sua própria carreira, como o seu relacionamento com seus pares e seus superiores, extensivo a seus amigos e familiares.
Como qualquer viciado, o workaholic tem muita dificuldade em reconhecer que precisa de ajuda, seja através de um processo de coaching, seja através de uma terapia.
Conclusão
Gostaria, agora, que você respondesse a seguinte pergunta: se eu tiver um infarto e vier a falecer, a empresa via parar?
Este texto é um alerta para aqueles que trabalham de doze a quatorze horas por dia e que se esquecem da máxima: de que adianta ganhar dinheiro, poder e statuspara depois perder a saúde, a família e os amigos?
Muitas empresas já não aceitam workaholics em seus quadros de colaboradores. Já se conscientizaram que valorizar a qualidade de vida de seus funcionários é uma postura onde todos ganham: a empresa, o colaborador e seus familiares.
Se esta é a postura da sua empresa, então quem tem que mudar é você. Faça-o, enquanto há tempo.
Fava Consulting – Para viver com muito mais Qualidade

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