quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O talento educa-se na paciência



O talento educa-se na paciência

Recentemente detectamos num determinado cliente  um padrão de comportamento bastante comum a todos os executivos: impaciência  crônica. Diversos processos de coaching que estávamos aplicando convergiam,  portanto, para a mesma necessidade, que é o desenvolvimento e aprimoramento  desta habilidade tão essencial à saúde organizacional: a paciência.
As manifestações comportamentais apresentadas  pelos gestores eram as mais variadas: agiam antes da hora, não toleravam um  ritmo lento ou os processos desajeitados dos demais, não investiam tempo para  ouvir ou compreender, pensavam que quase tudo tinha de ser feito mais depressa e  em menos tempo, interrompiam os moderadores das reuniões com sua necessidade de  terminar sempre antes, também interrompiam e terminavam frequentemente as frases  dos outros e, muitas vezes, faziam suas próprias regras (sem esperar os outros).  Alguns eram considerados egocêntricos (do tipo “faça do meu jeito e no meu  ritmo”), outros davam a impressão de ser arrogantes, desinteressados ou mesmo  sabe-tudo. Alguns eram orientados para a ação e opunham resistência à  complexidade dos processos e problemas; outros se precipitavam para conclusões,  em vez de refletir sobre os assuntos.
Veja, muitas pessoas têm orgulho de dizer que  são impacientes e pensam que isso é sinônimo de alto desempenho e orientação  para resultados. Isso é verdade apenas de vez em quando, principalmente quando  os resultados estão atrasados ou os padrões são relaxados. Porém, em muitas  situações, a impaciência é uma máscara para outros problemas e tem consequências  sérias no longo prazo. Leva ao gerenciamento excessivo, a não desenvolver os  demais, a canalizar apenas as suas soluções na organização, a monitorar demais e – finalmente – a afastar as pessoas com sua falta de tolerância.
Se, assim como eles, você se encaixa nessa  descrição, compartilhamos a seguir algumas dicas fundamentais para iniciar uma  jornada de transformação pessoal que neutralize esse tipo de atitude e permita  que a paciência aflore numa proporção mais adequada:
1. Ouça  ativamente. Sujeitos impacientes interrompem, terminam a frase dos  outros quando estes hesitam, pedem às pessoas que se apressem; nas apresentações  solicitam que pulem alguns slides e cheguem logo à conclusão, insistem para os  outros não façam rodeios etc. Todos esses típicos comportamentos de alguém  impaciente deixam os demais intimidados, irritados, desmotivados e frustrados, o  que resulta em interações incompletas, relações danificadas, certa sensação de  injustiça e humilhação durante todo o processo de comunicação. E tudo isso para  quê? Para economizar alguns minutos preciosos do seu tempo? Fala sério! Adicione  já cinco segundos ao seu tempo atual de “reação/interrupção”, até que pare de se  comportar assim na maior parte do tempo. Aprenda a pausar para dar uma segunda  chance aos demais. Conscientize-se: as pessoas geralmente se perdem nas palavras  quando estão falando com alguém impaciente, apressando-se antes da primeira ou  da próxima interrupção.
2. Atente para os  sinais não-verbais. Obviamente os sujeitos impacientes dão sinais de  falta de paciência durante seus discursos e suas atitudes, mas também sinalizam  isso de forma não-verbal. Sobrancelhas cerradas, agitação corporal, dedo ou  lápis batucando na mesa e, para completar, olhares furiosos. O que você pode  fazer? Pergunte aos colegas em que mais confia quais são seus cinco sinais de  impaciência mais frequentes. Trabalhe neles a fim de neutralizá-los.,
3. Cabeça fria.  Sempre. Os sujeitos impacientes querem tudo para ontem. Ou melhor,  anteontem. Não querem esperar. Às vezes, a falta de paciência vira perda de  compostura. Quando as coisas não andam na velocidade desejada, tudo acaba num  maremoto emocional. Acesse o post “Lidando com as ameaças: dez dicas para não  perder a compostura”, para se aprofundar nessa dica.
4. Identifique quem  o deixa impaciente. Algumas pessoas provavelmente o deixam mais  impaciente que outras. Quem são elas? O que fazem que o deixam nesse estado?  Será o ritmo? O idioma? O raciocínio? O sotaque? Esse conjunto de pessoas pode  incluir quem você não gosta, quem “viaja na maionese”, quem reclama ou mesmo  quem bate na mesma tecla, tentando defender coisas que você já deixou para trás.  Treine mentalmente algumas táticas para se acalmar antes de uma reunião com  elas. Tente entender suas posições sem julgá-las (julgue-as mais tarde). Faça  com que essas pessoas se concentrem nas questões a ser discutidas, não permita  que saiam do tema central. Se for necessário, interrompa para resumir e dar a  sua opinião. Tente treiná-las para que se tornem mais focadas e eficientes da  próxima vez que interagirem com você (mas sem prejudicá-las durante o  processo).
5. Vigie de perto a  sua arrogância. Quem possui uma qualidade que o destaque dos demais ou  alcança um patamar significativo de êxito ou infelizmente recebe menos feedback.  Portanto, continua passando por cima dos demais até sua carreira correr sério  perigo. Se você é arrogante e desvaloriza quem tenta ajudá-lo, sinceramente  deveria fazer um esforço redobrado para interpretar e ouvir os demais. Não  precisa assimilar tudo, basta ouvir antes de reagir. Afinal, precisa acabar com  a atitude do “o que eu quero/penso” e passar a se perguntar: “O que eles estão  dizendo? Como estão reagindo?”.
6. Invista na  receptividade e na acessibilidade. Sujeitos impacientes não recebem  tanta informação quanto os que ouvem ativamente. E geralmente se surpreendem com  os acontecimentos que os outros já previam. Não é de estranhar, afinal, as  pessoas hesitam ao falar com quem é impaciente. É muito difícil. Elas não falam  com os impacientes sobre seus pressentimentos, pensamentos inacabados, hipóteses  e possibilidades. Portanto, você ficará de fora e não terá acesso a dados  importantes que precisa para se tornar mais eficaz… Não julgue as comunicações  informais.  Apenas as receba. Mostre que entendeu. Faça uma ou duas  perguntas. E acompanhe o caso mais tarde.
7. Desacelere.  Os demais nem entenderam direito o problema, e os impacientes já estão dando  respostas, soluções e chegando a conclusões muito cedo. Dar soluções de forma  acelerada fará com que os demais fiquem dependentes e irritados. Se você não  ensiná-los como pensar e como encontrou uma solução tão rapidamente, eles nunca  vão aprender. Não se apresse para definir realmente o problema. Não despeje as  soluções impacientemente. Faça um brainstorming para descobrir quais perguntas  precisam ser respondidas para resolver o problema. Dê ao seu pessoal a tarefa de  pensar sobre o assunto durante um dia e voltar com algumas soluções. Seja um  professor, e não um ditador de soluções. Invista no autoconhecimento. Faça um  diário do que causou o seu comportamento e quais foram as consequências  observadas. Aprenda a detectar e controlar seus desencadeadores (antes de ficar  em maus lençóis).
8. Pare de  fiscalizar frequentemente. Os impacientes verificam tudo com muita  frequência. Como estão as coisas? Já terminou? Vai terminar quando? Deixe-me ver  o que já fez… Isso é um inconveniente para o devido processo e desperdiça tempo.  Quando distribuir uma tarefa ou atribuir um projeto, estabeleça pontos de  verificação prévios. Você também pode criar pontos de checagem com base no  percentual do trabalho concluído. “Venha falar comigo quando concluir 25%, assim  poderemos fazer correções no meio do caminho, e, depois, quando concluir 75%,  para fazermos as correções finais.” Deixe-os descobrir como fazer a tarefa.  Segure-se para não verificar o trabalho fora do cronograma e dos percentuais  estabelecidos previamente.
9. Deixe os demais  resolver. Olhe mais para as soluções dos demais. Provoque discussões e  divergências, receba as más notícias de braços abertos e peça para os demais  apresentarem a segunda e terceira soluções que encontraram. Um truque útil é  atribuir questões e perguntas antes mesmo de pensar nelas. Duas semanas antes de  tomar uma decisão, peça ao seu pessoal para examinar uma questão e dar um  retorno dois dias antes de você ter de lidar com o assunto. Dessa maneira, você  ainda não terá nenhuma solução. Isso motiva bastante o pessoal e o faz parecer  menos impaciente.
10. Não transforme a  falta de paciência numa barreira para o desenvolvimento de sua equipe. Descubra como as pessoas realmente se desenvolvem. Com sua impaciência,  o mais provável é que você não vá desenvolver nenhuma habilidade nos demais, já  que o desenvolvimento não funciona em curtos períodos e com uma supervisão de  perto. Como você verá no post publicado (“Acima e avante! Desenvolvendo os  colaboradores diretos”), tarefas desafiadoras, dar feedback durante o percurso e  incentivar o aprendizado são pontos primordiais. Pessoas impacientes raramente  desenvolvem os demais.
Para essas e outras habilidades, conte  comigo.
Pablo
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