terça-feira, 27 de novembro de 2012

Nas Pegadas Do Mestre”



25 Novembro 2012 1 Comment

O Reino dos Céus é dos fortes. Os abúlicos, os pusilânimes e os covardes jamais o alcançarão. Sua posse de¬pende de uma porfiada conquista. A obra da salvação é obra de educação. Educar é desenvolver os poderes latentes do espírito, dentre os quais sobressai a Vontade. É com o poder da Vontade que se alcança o Céu. “A Vontade”, disse um eminente educador, “é a força principal do carácter, é, numa palavra, o próprio homem.” Tomás de Aquino, in¬terpelado por certa senhora de alta sociedade sobre o que se fazia preciso para ganhar o Céu, respondeu: “Querer”.
A maioria dos erros que cometemos são atos de fraqueza moral. Os vícios dominam-nos, a cólera arrebata-nos, o ciúme consome-nos, a ambição perturba-nos, o orgulho cega-nos, o egoísmo envilece-nos. Dissimulamos a cada passo, abafando a verdade, preterindo a justiça, pactuando com a iniquidade. E tudo por quê? — por fraqueza.
Uma vontade frouxa, deseducada, é a causa dos fracas¬sos, dos desapontamentos, das quedas e das humilhações por que passamos na trajetória da existência. O Reino dos Céus há de ser tomado à força. É o único caso em que a vio¬lência se justifica. Sem energia de vontade não se doma a animalidade que nos degrada, não se sobe a simbólica esca¬da de Jacó. Sem coragem moral não se abraça a verdade, nem se vive segundo a justiça.
O Apocalipse (3:15, 16 e 21), em sua linguagem parabóli¬ca, diz: “Não és frio, nem quente, oxalá fosses frio ou quente: És morno, por isso estou para te vomitar de minha boca. Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus”.
O morno é o fraco, é o tíbio, o indeciso, o medroso, que não sabe porfiar, que foge espavorido das lutas e das pelejas.
Jesus disse aos seus discípulos:
— Ide. Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos.
Ele queria, portanto, homens resolutos, dispostos a en¬frentar obstáculos e a conjurar perigos. A ovelha no meio da alcateia corre risco iminente. E o Mestre aponta e salienta esse perigo ordenando peremptoriamente: “Ide”. Referindo–se ao caminho da salvação, disse que esse caminho é estreito como estreita é a porta que lhe dá acesso. Para melhor eluci¬dar o caso, acrescenta: “Quem quiser ser meu discípulo, renuncie a tudo, inclusive à própria vida, tome sua cruz e siga-me”. (Mateus, 16:24; Marcos, 8:34; Lucas, 9:23.)
Os dizeres acima não dão margem a mal-entendidos. Eles exprimem clara e positivamente que, para ser cristão, o homem precisa tornar-se forte, corajoso, intrépido. E o Mestre o exem¬plificou dando perfeito testemunho, na sua vida terrena, de integridade de carácter, de valor moral e de intrepidez.
Ninguém me convence de pecado. — Eu venci o mun¬do. — Seja o teu falar sim, sim; não, não. Não temais os ho¬mens. — Sede perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito — são frases de um Espírito forte e valoroso. A expulsão dos vendilhões do templo, dadas as condições e o meio em que se operou, foi mais do que um ato de coragem moral, foi um cartel de desafio atirado pelo Mestre a uma horda de inimi¬gos ferozes e poderosos.
O homem atual carece de valor moral.
O parasitismo crescente comprova tal asserção. Atra¬vessamos uma época de crise de energia. Não de energia eléctrica, como clama a imprensa de nossos dias, mas de energia moral, de coragem cívica, de inteireza de carácter. Semelhan¬te crise é de consequências gravíssimas para a Humanidade. A crise de energia eléctrica acarreta males relativos e saná¬veis, enquanto a crise de energia moral, se não for conjura¬da, trará a dissolução social, determinará um verdadeiro cataclismo mundial.
Salvar é educar. O Reino dos Céus é conquista dos for¬tes. Eduquemos a vontade libertando nosso espírito da ig¬nominiosa servidão, do negregado cativeiro do vício e das paixões.
Imaginar a salvação fora da auto educação de nossas almas é utopia dogmática incompatível com a atualidade.
Salvemos o mundo, salvando-nos a nós mesmos.

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