sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Comprometimento exige contrapartida

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 Liderança e Motivação
Janeiro 1-, 2012 - 07: 1
Comprometimento exige contrapartida    

Nas relações profissionais ninguém se compromete com algo que não lhe traga benefício pessoal, ou pelo menos a expectativa concreta disso. O engajamento em qualquer tipo de projeto ocorre exclusivamente quando alinhado com o compromisso original que temos com a nossa própria vida, seja no aspecto financeiro ou ideológico.

Comprometimento nessa área não está relacionado a sentimentos como o orgulho corporativo – que é consequência e não fator -, mas ao custo/benefício verificado em cada situação. É assim a natureza humana e como as coisas funcionam. Errado está quem espera um processo diferente deste.

“Vestir a camisa da empresa”, portanto, depende necessariamente do funcionário e da sua família perceberem que têm retorno dentro de casa. Na ausência desse requisito, esquece...

Voltei a pensar nisso esses dias quando assisti, durante uma pesquisa sobre comunicação interna, a um vídeo ridículo de uma campanha motivacional em uma empresa de telemarketing. É constrangedor. Está claro pelo conteúdo e pelo que se vê do ambiente que ao invés de buscar, dentro de um limite suportável, melhorar as condições de trabalho da galera e aí então fazer uma campanha de valorização, os donos apostaram tudo na capacidade de animadores profissionais fazerem com que seus funcionários “encontrem um sentido”.

Observei também variações do estratagema com empresas praticando o mesmo proselitismo de forma mais sutil e elaborada. Nesses casos o engodo vem camuflado com suposto bom gosto. Parece diferente, mas é igual.

É claro que a estratégia não funciona como demonstra a qualidade (falta dela) do serviço que os telemarketings nos oferecem. E a culpa não é dos atendentes.

Na verdade esse tipo de ação – que a plateia sabe ser uma embromação, já que a falta de diploma não implica em burrice - tem efeito contrário. É tomado como um insulto à inteligência (“estão me zuando”) e faz o sujeito se comprometer sim, mas em encontrar rapidamente outro emprego. E desejar que a empresa e seus donos tenham uma rápida viagem rumo ao...

Comunicação com os funcionários só funciona com lastro. Ela complementa e multiplica os resultados de uma ação real, fazendo com que a contextualizem e a valorizem. Porém não tem a capacidade de convencer a audiência a acreditar em algo que ela sabe pela experiência diária que não existe ou que não vai acontecer. Isso é enganar. Pode dar certo por um tempo, mas não o tempo todo.

E o principal. Não existe conversa mole – mesmo com esmerado planejamento estratégico e design premiado em Cannes - que faça o sujeito produzir mais sem uma contrapartida compatível. Quem insiste em ignorar esse princípio estimula um ambiente de convivência bem descrito pelo ex-jogador Vampeta, que dispensou a linguagem corporativa: “Eles fingem que nos pagam e a gente finge que treina”. É a enganação de mão dupla.

Vinícius Antunes
vinicius@ideiaeconteudo.com.br
www.ideiaeconteudo.com.br



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